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Maputo
Pesquisa recente sobre História local no distrito de Mandlakazi, localidade de Matcekahomo, aldeia que viu Eduardo Chivambo Mondlane, primeiro presidente da FRELIMO e arquitecto da unidade nacional, a crescer, mostra a eminência de um conflito de poder entre os ocupantes do poder local.
A História de Mandlakazi segundo a tradição oral assim como as fontes escritas referem que Eduardo Mondlane cresceu, apreendeu as primeiras letras na casa de uma tia sua de nome Nwamatcekahomo, o que pressupõem que o pai de Nwadjahane, Pai de Eduardo Mondlane é Matcekahomo. Aquela mulher casada na família Bila levava o nome de Nwamatcekahomo porque o seu pai era Matcekahomo primo do Ngomukomu, Munsegui, e outros como Chipene e Nwahnovane antigo regulo por exemplo. Agora se Nwamatcekahomo é filha do Matcekahomo então Nwadjahane pai do Eduardo Mondlane também é, porque esta é irmã do Nwadjahane Mondlane, o que quer dizer que Matcekahomo é o avô paterno de Eduardo Mondlane! Segundo MERTON in por GRAÇA (2005:221), Eduardo Mondlane prezava muito a sua origem tradicional isto está patente na autobiografia, originalmente em changana que traçou em 1961 aquando da sua viagem a Moçambique vindo de EUA, a pedido de um pastor protestante africano, onde expõe a antiguidade da sua genealogia, indicador de um elevado estatuto social tradicional são suas palavras, as seguintes: “Sou Chivambo, filho de Nwadjahane - também conhecido por mussengane, mussengane filho de Magulane, Magulane filho de Matcekahomo, Matcekahomo filho de Mbinguane, Mbinguane filho de Kuhlambeni, Kuhlambeni filho de NKome, Nkome filho de Mondlane sendo Mondlane por sua vez da linhagem dos Nwanati” O Governo da Frelimo herdou uma estrutura conflituosa para a liderança tradicional, quer dizer que algo falhou no acto da reestruturação administrativa do nosso país porque já na altura antes da independência, era do conhecimento das elites do partido do povo, que o colonialismo português destruíra as estruturas politicas tradicionais da nossa pérola do indico. Na perspectiva do Bragança & Wallerstein in GRAÇA, (2005:223), Mondlane sempre afirmou que a Estrutura Política Tradicional foi de facto destruída pelos portugueses, não existe uma estrutura política tradicional a não ser o sistema de autoridade que reflicta o sistema administrativo que os portugueses perpetuaram, existia de facto um sistema de autoridade, e algumas pessoas ainda respeitam o dirigente tribal. Mas estes dirigentes tribais, os que detinham influencia real ou espiritual, foram sacrificados pela vontade dos portugueses de destruírem a tradição e de criarem uma nova administração portuguesa. Então, perante estes factos como é que Nwadjahane é evocado em cerimónias de Kuphahla como sendo filho e pertença de Lhalala depois de 35 anos de independência? Esta pergunta gera conflito no seio da família Mondlane que até chegam a dizer que Matcekahomo território, é o segundo mais populoso dos territórios do distrito de Mandlakazi mas devido a este fenómeno de usurpação de poderes ninguém presta atenção nesta aldeia do tempo colonial, não têm escola, os nossos filhos, estão a sofrer, outros estão em Chiguivitane, outros ainda estão em Macuácua, não têm escola pelo menos de EP2 e por que não de ensino secundário! Não tem posto de saúde estas comunidades, no caso de doença recorrem a Maússe ou Mandlakazi em pleno Século XXI em que se procura aproximar Escola e Hospital onde estão as populações. O caso da electrificação do Campo, fez-se tudo para saltar esta aldeia do tempo Colonial, electrificou-se Lhalala, Maússe e outras localidades deixando-se esta aldeia no meio, gostaríamos de conhecer o arquitecto destas barbaridades? Questionaram os descendentes do Matcekahomo pai de Nwadjahane Mondlane. Mas ficou claro na auscultação feita que Chalala não pertence a casa do Matcekahomo nem o Regulo João Maphaguelane, este antigo regulo conseguiu ser regulo porque já na altura que os portugueses queriam montar e investir o poder local este sabia ler e escrever, então o primo dele NGOMKOMU que controlava as terras das povoações até Lhalala, lhe mandara para a administração encaminhando expediente, chegado lá este respondeu em nome daquele regulado e aceitou ser investido mesmo sabendo que ele era representante do chefe das terras assim revestido de poder do governo colonial português transferiu-se o poder de Chipene para Coolela. João Maphanguelane é exemplo de um régulo montado para responder os interesses dos portugueses que hoje foi herdado pelas estruturas políticas do pós – independência. O que me leva a escrever é o facto de o Governo colonial ter implantado um problema que foi herdado pelo Governo que libertou o país, este problema está a criar calafrios na família Mondlane, um outro facto nesta nova estrutura administrativa é o facto de hoje Nwadjahane ser tratado em cerimónias de Kuphahla como se de filho de hlalala se tratasse, quando não, este é o filho legítimo de Matcekahomo, quem lhe mandara para controlar o limite do território entre Matcekahomo e Mugunwane cujos limites são as planícies de Nhaurongolo e Mangwenhane. Hoje isto gera conflito entre os filhos da família real e os restantes familiares que arrancam o poder aos filhos dos descendentes do Matcekahomo usando o saber adquirido na escola. Para quem é de Mandlakazi tomar isto como ponto de partida para pensar no problema implantado pela nova divisão administração, a nova divisão administrativa do Distrito de Mandlakazi compreende os seguintes postos administrativos: Posto Sede, Lhalala, Macuácua, Madzukane, Ngonzene, Chibondzane e chidenguele mas se formos para ver as dimensões de Lhalala, esta entra duas vezes no território que se chama Matcekahomo. Será que este problema vai ter solução? Segundo nos constou, o empossado líder vive na vila não sabemos como é que vai gerir este problema! O poder é doce quando é legitimo não é? Leia o próximo desenvolvimento deste artigo porque vamos aprofundar o nosso estudo, tudo pelo pólo de Desenvolvimento. Samuel Chacate
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